RIDERS TO THE SEA, de Ralph Vaughan Williams
Ópera em um acto, a partir da peça de John Millington Synge
Fórum Romeu Correia, Almada
Sexta-feira
21h30
Cine-Teatro Chaby Pinheiro, Nazaré
Domingo
21h45
Com Gustav Holst, Ralph Vaugham Williams é um dos mentores do chamado renascimento musical inglês no início do século XX. Deliberadamente, Vaugham Williams virou as costas às influências musicais do continente europeu. Apesar disso, em 1908, foi para Paris onde estudou intensivamente com Ravel, o que terá criativamente influenciado a sua música (aparentemente mais do que a tradição musical inglesa). Escreveu sobretudo música coral e orquestral (nove sinfonias) e algumas óperas. A peça Riders to the Sea, do dramaturgo irlandês Synge, que usou quase na íntegra, forneceu a Ralph Vaughan Williams o seu melhor libreto permitindo-lhe criar a sua mais bem sucedida ópera.
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Pode resumir-se essa falta de conceito de aura e dizer: o que murcha na era da reprodutibilidade da obra de arte é a sua aura (...). O seu agente mais poderoso é o filme. (cit. Benjamin, Walter, A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica).
É neste sentido que temos vindo a assistir a uma catástrofe da memória e o vazio da história ou, nas palavras de Baudrillard, à despressurização do Ocidente. A queda da arte burguesa, o nivelamento/uniformização educacional, a ascensão pela diferença das minorias, toda uma mediatização disto via televisão ou cinema, tornam incertas as posições no tempo e no espaço. Assim se gera uma cultura sem afectos, transparente; um corpo, pois, pleno e, ao mesmo tempo, vazio. Em redor, destroços, compostos de falsas leituras e de breves histórias de equívocos.
A morte do olhar introduz a renúncia relativista, segundo Virilio, a um descrédito da óptica directa. O desmantelamento do ambiente real, com a consequente desorientação espacial e temporal, voltaráa colocar o corpo como centro do mundo circundante. Dirigimo-nos para o controlo de um espaço ego-centrado, introvertido e não, como no passado, de um espaço exo-centrado. O homem está, finalmente, menos no mundo do que em si mesmo, mas, surpreendentemente, converte-se num ser praticamente inerte pelas capacidades interactivas do seu meio, mais afastado do seu ambiente empírico imediato que do mais distante, chega a ser um si mesmo invadido, extremamente precário e progressivamente distanciado da sua autoconsciência. De certo modo, o imaginário moderno, regulado por utopias, mostrou o seu esgotamento e parece agora assenhorar-se, por todos os lados, de um rumor apocalíptico.
Para acabar com o mal do arquivo, o fin de partie generalizado, o carpe diem estetizante e vazio na vertente mais cínica do pós-moderno, Riders to the sea surge como trabalho que não se quer inovador, mas esperançoso. A criação de falsos deuses, neste caso através da cinefilia, a devolução da tragédia ao coro e do naturalismo teatral à ciência do ocaso (dois estilos tão caros à obra poética de J.M. Synge, bem como à música de R. Vaughan Williams), a tentativa de construção narrativa sem dogmatismos ficcionais/realistas, a reformulação de um fazer teatral regente na criação operática estabelecida/institucionalizada, são as chaves para esta proposta.
Quem controlar o ecrã controlará a consciência. (Timothy Leary)
Texto a partir das obras de: Jean Baudrillard, Walter Benjamin, Samuel Beckett, Eduardo Lourenço, Alain Minc, Friedrich Nietzsche, Bertrand Russell, Alberto Ruiz de Samaniego, George Steiner, Paul Virilio, Gianni Vattimo, Richard Wagner.
André E. Teodósio (notas da encenação)
RIDERS TO THE SEA
Autor: Ralph Vaughan Williams
Libreto: a peça com o mesmo título de John Millington Synge, escrita em 1925/32
Encenação: André E. Teodósio Vídeo: André Godinho Direcção musical: João Paulo Santos Luz: Clemente Cuba em colaboração com André E. Teodósio Direcção de cena: Otelo Lapa
Cantores: Juliana Mauger (meio soprano) - Mãe Carla Simões (soprano) - Nora Filipa Lopes (soprano) Cathleen Rui Baeta (baixo) - Bartley Catarina Braga (soprano) Mulher
Pianista: Helder Marques
Produção: Fundação Calouste Gulbenkian Colaboração: Teatro Nacional de S. Carlos
Duração: 40 minutos
Faixa Étaria: M/12 anos
O vídeo contém excertos dos filmes The Man of Aran, de Robert J. Flaherty, The Edge of the World, de Michael Powell, O Couraçado de Potemkin, de Sergei Eisenstein e As Estações de Artazazb Pelechian.
Integrado no programa de difusão da ArteEmRede - Teatros Associados.
Fórum Romeu Correia
Praça da Liberdade, Almada
Telefone: 212724928
Cine-Teatro Chaby Pinheiro
Rua Dr. Rui Rosa, Nazaré
Telefone: 262 187 750
Informações enviadas pelo gabinete de imprensa da ArteEmRede, excepto hiperligações
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