domingo, maio 22, 2005

Sessão da meia-noite*

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Heróis imaginários não é propriamente um filme envolvente. Chega mesmo a ser um tanto vazio de ideias, de tão evidente é o mostruário de outros filmes, sejam eles melhores ou piores. Sabemos que uma família disfuncional é uma família disfuncional. E sabemos também que aquilo vai tudo redundar num convencionalismo. É inevitável que Sigourney Weaver (mulher de tantos desejos) desenvolva uma doença pulmonar, que o marido se culpabilize pelo suicídio do filho, que o irmão tenha uma sexualidade ambígua e esconda que o suicidado lhe batia, seja fruto de uma relação extra-conjugal e vá para a cama sem saber com o irmão, que a irmã seja uma rebelde mal conformada e meio ausente.

No fundo, é inevitável que o filme se apresente num registo meio apático e pouco envolvente. Afinal, nenhum deles se sente integrado. E talvez por isso mesmo faça todo o sentido que a dada altura do filme, aquando da festa de Natal (que sítio mais apropriado) o filme dê espaço à apresentação de um número de Kiki & Herb, a dupla de performers que transformou o cabaret em lamento pós-chic.

É como se, de facto, a realidade quando pode ser estranha, se torna ainda mais estranha. A família Travis vai parar a uma festa de natal de inadaptados e a diferença é nenhuma. Kiki & Herb cantam uma canção de natal num registo que vêm do fundo do desprezo que todas essas datas merecem após se terem tornado falsas. E o resto do filme segue, ainda mais direito ao fim. Como se a felicidade fosse possível. Mas sabemos que aquela felicidade vai ser momentânea. Há quem nunca se consiga meter de pé. Mas finja tão bem.


*No cinema Colombo, com mais 5 pessoas (parece que é verdade Nuno), um balde de pipocas e um litro de sumol de ananás.