sábado, janeiro 22, 2005

Populismos



Os últimos dias têm sido pródigos em informações inúteis e comentários abusivos que em nada dignificam uma campanha eleitoral tão importante como a que está em causa neste momento em Portugal.

O comentário de Francisco Louçã sobre a vida pessoal de Paulo Portas, mais não faz do que manifestar uma atitude burguesa e digna do pior liberalismo, que remete o Bloco de Esquerda e o seu dirigente para o gueto da má-formação e da falta de argumentos. Consegue, ainda, a proeza de pôr a defender a privacidade de Paulo Portas por quem não é seu fã. O que disse o dirigente bloquista é o resultado de uma atitude pouco digna de quem se bate pela consideração da opinião pública e tem contra si a fama de um radicalismo exacerbado, por vezes pouco condicente com os tempos da sociedade portuguesa. Francisco Louçã contribui, assim, para o descrédito do Bloco de Esquerda, já que permite uma comparação nada feliz com outros partidos que usam ataques pessoais para chegar aos seus objectivos. Ao se tornar "um entre iguais", o BE força o assumir de uma realidade que em nada o favorece. E pior, dá margem a Paulo Portas para desconstruir o discurso bloquista durante a campanha.

Outra notícia que entra na campanha é a da alegada relação entre José Sócrates e Diogo Infante, devidamente exposta na capa do jornal Tal & Qual, após notícia de um jornal brasileiro. O assunto que corria há várias semanas à boca pequena, toma agora dimensões de exposição num país alheio a qualquer nível de cultura e respeito pela vida pessoal de cada um. Este tipo de informações desnecessárias e ocas de razão, contribuem para o alimentar de uma invasão bulldozariana de terceiros na vida de cada um. Não está em causa o carácter, a dignidade ou a confiança do candidato do Partido Socialista, mas antes com quem ele mantém uma relação amorosoa? Alguém tem alguma coisa a ver com isso?

Que país é este que permite que tamanha afronta à privacidade de cada um seja exposta como se de uma piada se tratasse.? O país não ganha nada com isto. Mas talvez só se possa dar razão ao Bordalo Pinheiro. Portugal não se merece.


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