segunda-feira, janeiro 24, 2005

O que eu não quero dizer...

Só dois políticos fabricados nos meios de comunicação social é que perderiam o tempo a desviar os assuntos que interessam para a falaciosa questão dos debates na televisão. O resultado de anos e anos de invasão, contaminação e transgressão dos limites de quem se propõe a votos é este: "eu não falo porque ele não fala".

Prova-se, assim, que se governa para os sound-bytes, as frases feitas e para o poder da imagem. Nunca a coisa assumiu contornos tão nítidos. E a caixa que mudou o mundo substitui a relação directa com os eleitores e a capacidade (a necessidade mesmo, a vontade, até) de fazer chegar ao número de eleitores possível as ideias e os conceitos para alterar o estado das coisas.

Refugiando-se numa ideia de não-debate, tanto PS como PSD refugiam-se, assim, de ataques e possíveis falhas, como se viu no caso de Francisco Louçã.

E o maior perdedor é, para já, José Socrates. Pode apontar-se o exemplo de Cavaco Silva, que também recusou debater. Mas no tempo de Cavaco a pressão mediática não tinha o efeito que tem hoje. Ou lhe dávamos a importância que hoje se dá.

Nunca a imagem teve tanto poder. E nos casos concretos, acabou mesmo por aniquilar a palavra. Esta campanha promete ser a mais surda de todas.

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