quarta-feira, novembro 10, 2004

Nunca más

A TVI anuncia para amanhã uma reportagem no Jornal Nacional sobre uma das maiores barbáries da história da humanidade.

Durante a ditadura militar argentina, mais de 500 mulheres grávidas desapareceram e os seus filhos foram dados como mortos. Na verdade, eram vendidos ou dados à adopção para os militares.

Temo que a TVI torne a coisa numa história sensacionalista, ainda assim aconselha-se o visionamento.
Há imenso tempo que quero fazer um post sobre esta questão. A ver se aproveito o embalo.



Entretanto aqui fica o site de uma ONG argentina que compilou todos os documentos relativos à ditadura e às torturas praticadas a milhares de inocentes. Chama-se Nunca Más. Para que não se esqueça.

E aqui um referente às Mães da Praça de Mayo, a praça que fica em frente à Casa Rosada, em Buenos Aires, onde ainda hoje se encontram mães à procura dos filhos.




Aqui podem encontrar informações sobre o filme La Historia Oficial, um filme de 1986 que ganhou o Oscar para melhor filme estrangeiro e que é uma abordagem cruel dessa realidade. Trata da história de uma mulher que descobre que a sua filha veio de uma desaparecida, torturada em nome do marido.



Há ainda o filme Imagining Argentina, filme fraquinho, mas elucidador com o Antonio Banderas e a Emma Thompson. O livro também se encontra disponível à venda.


Para terminar, um poema do Alexandre O'Neill, publicado em 1978

TAÇA DO MUNDO DE FUTEBOL (ARGENTINA, 1978)

O estádio River Plate situa-se a 700 mts. dum edifício pertencente à Marinha argentina onde se praticavam as piores torturas.

Em Buenos Aires, no River Plate,
a seis campos de futebol (medidas máximas)
do Centro onde, entre outros primores de jogo,
se chutavam testículos, mamas e cabeças,
a Taça do Mundo ferverá nas mãos de quem a ganhar,
de quem a empunhar, de quem por ela beber
A MERDA DE LÁ TER IDO.

Maio, 1978