quarta-feira, outubro 27, 2004

Teatro esta semana (em reposição)

1) Via Dolorosa

Termina dia 30 (sábado) a reposição de Via Dolorosa, peça violenta e essencial (nos dias de correm e nos outros quotidianos desde há muito) de David Hare. A encenação de Carlos Afonso Pereira, vencedora do prémio de reposição doTeatro na Década 2004 do Clube Português de Artes e Ideias, está no Hospital Júlio de Matos, sempre às 22h00.

Via Dolorosa
de David Hare
Encenação e interpretação: Carlos Afonso Pereira
Cenografia: Pedro Silva
Produção: Metamorfosetotal

Hospital Júlio de Matos - Pavilhão 27
Endereço: Av. do Brasil, 53
1749-002 Lisboa
Inf: 966 202 684


Via Dolorosa é um monólogo que aborda o conflito no Médio Oriente, partindo de uma viagem que David Hare efectuou a Israel e à Palestina. Visita Tel Aviv, Jaffa, Ramallah, Gaza, Jerusalém, fala com líderes políticos e religiosos, judeus, muçulmanos, cristãos, procurando assim reflectir sobre os pilares nos quais assenta a questão da Palestina – religião e nacionalismo.




"Isto não é teatro", poder-se-á pensar; então é o quê? Algo de crucial à singularidade desta notável proposta cénica joga-se precisamente na instabilidade que introduz nos conceitos admitidos, mas que nada tem a ver com a gratuidade de algumas tautológicas suposições "performativas" em voga - diferente, essa radical singularidade concretiza de modo inteligente um texto em que a dado momento, e a propósito de uma corriqueira querela judaica de interpretação de uma passagem da Bíblia, o sujeito da enunciação se pergunta: "Será que lhes não ocorreu sequer a utilidade da dúvida?"."Via Dolorosa" é (também) um texto sobre razões, certezas e crenças de israelitas e palestinianos.

O resto da opinião de Augusto M. Seabra, aqui.


2) O Aumento

O Arte Viva, no Barreiro, repõe, aos fins de semana (sexta e sábado) às 22h00, no Teatro Municipal do Barreiro, este famoso texto de Georges Perec, numa versão desempoeirada e vibrante.



O Aumento, ou como quaisquer que sejam as condições sanitárias, psicológicas, climáticas, económicas ou outras, deve ter o máximo de sorte do seu lado, quando pedir ao seu chefe um reajustamento do seu salário

Na realidade esta frase foi escrita por Georges Perec apenas como apresentação do texto mas no espectáculo da Companhia de Teatro do Barreiro é ela que marca o arranque de uma história simples (quase uma não história), que descreve na perfeição as vicissitudes de todo e qualquer pedido de aumento numa qualquer empresa. A repetição é uma constante, sempre com as devidas variações, e a comicidade nasce de momentos tão absurdos quanto reais, mascarados no espectáculo de situações do dia a dia, já que numa tal forma cabe qualquer conteúdo.


O AUMENTO,
de Georges Perec
Encenação: Rui Quintas
Cenografia: Sara Franqueira
Elenco: Pedro Manuel, Célia Figueira, Mário Rui Filipe, Angela Farinha, Bruno Vitoriano, Paula Magalhães

TEATRO MUNICIPAL DO BARREIRO
R.Combatentes da Grande Guerra (C.C. Pirâmides)
2830-340 BARREIRO
Tel. 21.206.0860 / 21.206.4262 - Fax 21.206.4263
Telem. 96.478.7109
e-mail: ArteViva-TeatroeComu@sapo.pt