sábado, setembro 18, 2004

poética do quotidiano (XIII)

O prémio hoje é do mais alto nível, não querendo desmerecer os anteriores poetas quotidianos. É a vez do Pedro Mexia, que agora alimenta o Fora do Mundo, em parceria com Pedro Lomba e Francisco José Viegas. (Para quem achar que estou a fazer batota por dar o prémio de poética a um poeta, reparem a coincidência de ser o prémio nº 13). Ei-lo:

FIQUE COM ESTE: Estou numa livraria e reparo, subitamente, numa edição baratíssima da correspondência de Sylvia Plath. Não penso duas vezes, pego no grosso volume e vou para o balcão no qual deixei outras compras. No momento de desmagnetizar, a menina do balcão, uma espécie de «gótica feliz», faz uma cara tristíssima e pergunta, lamentosa, de onde tirei aquele exemplar. Aponto para a estante em causa. «Era o último. Queria guardar este para mim», diz, e faz beicinho dois segundos. Como eu tivesse encolhido os ombros (sem que os tenha encolhido) a menina desmagnetiza e suspira que vai mandar vir outro. Fico contente por encontrar uma livreira que lê livros. Mas a bibliomania não consente franciscanismos. Sorrio, pago, saio. Conto o episódio a N., que me diz que se a menina fosse gira eu teria dito «fique com este, eu espero por outro».

1 comentário:

Anónimo disse...

não era se a miúda fosse gira, era se o cliente não fosse facho!