porque esta coisa de nos morrer alguém próximo, presta-se sempre à mais vil tarefa de se desenvolverem teorias acerca da volatibilidade da vida e da necessidade de revisão de princípios, valores, noções e comportamentos. Uma palavra é, afinal e sempre,uma palavra a mais, e que de pouco adiantará. Nem chega para o conforto. O conforto acabaria por ser acreditar que as coisas ão eternas e que o desejo era vivermos numa redoma onde nada fose posto em causa. Helás, não é assim.
Outra nota ainda para forma como tudo isto se processa, num longo e penoso calvário para todos os envolvidos (excepção feita ao morto, claro está!). A necessidade de expiarmos os nossos pecados e de nos reduzirmos a meros pedaço de pó (o fim e a origem), exercício praticado por todos os ditos e rezas cristãos em que a penitência dos vivos é a única forma de encaminhar os mortos é, no fundo, o alimentar de uma máquina de sofrimento expoto e de adoração a um corpo que há muito deixou de responder ao anseios da alma.
Se houver alma e corpo, liberte-se a primeira de uma massa que já não cumpre. Um corpo é um corpo é um corpo.
É difícil ser-se inteiro para sempre. Não há necessidade de prolongarmos a angústia. Todo o processo de velação do corpo culmina numa cruel atitude de abertura do caixão no cemitério, como se ainda não fosse suficiente toda a dor.
Custa-me a aceitar, até mesmo por tradição. Conforta-me saber que o meu avô pensava de forma igual. Devia estar a pedir para que a coisa se desse o mais rápida e eficazmente possível.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário