quinta-feira, fevereiro 19, 2004

A mão que embala o berço

É verdade que nos comovemos e até sentimos uma ponta de orgulho quando a história do pequeno (qualquer coisa) correu a favor do Refúgio Aboim Ascensão e do seu responsável Luís Villas-Boas. Acreditámos - e mais ainda com os acontecimentos que viriam a por em causa as responsabilidades e deveres dos que têm a guarda de menores indefesos - que Villas-Boas era alguém íntegro, respeitador, consciente e informado. Alguém que saberia o que é melhor para uma criança, mesmo que isso implicasse não a entregar aos pais. Nessa altura, ele foi elogiado, agraciado, comovidamente considerado. E agora estragou tudo...

O que Luís Villas-Boas disse do caso das lésbicas espanholas, é tanto mais indecente se tivermos em conta o seu passado; as acções do seu passado. A criança ficará melhor se entregue a outros familiares que não à companheira da mãe que cuidou que acompanhou a sua educação? E baseando-se em perigo de má formação moral, desvio comportamental, opção sexual... Não se deveria falar antes dos valores e daquilo que são os laços entre pais e filhos? Pai é quem educa não é só quem faz nascer. Ser lésbica não é ser mulher na plenitude natural do termo, porque se assim fosse não haveria o problema da procriação natural, continua Villas-Boas. Eu fico espantado com a veleidade destas aformações, sobretudo considerando o frenesim especulatório, homofóbico, doentio e perverso que este tipo de afirmações pode provocar em pessoas menos abertos à discussão, conhecimento, aprendizagem e integração. É, sobretudo, triste e vexatório. Mas no melhor pano cai a nódoa. Temo o pior com as discussões futuras...

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