terça-feira, dezembro 30, 2003

Por favor, 2004!

Todos os anos faço um almoço ou jantar com a minha prima e grande amiga Inês. Reunimo-nos e, em jeito de balanço, falamos do ano que passou e antevemos o que poderá ser/quereríamos que fosse o ano seguinte. Até elegemos a figura e o acontecimento do nosso ano.
Este ano, já o fizémos. Ontem, ao jantar, no Galeto. Aquelas cadeiras desconfortáveis, aquele serviço único e um bom bife serviram de cenário e adereço para a nossa conversa.
Em tempo de crise pessoal, a única conclusão que tive foi: “nunca mais, um ano como o de 2003 nunca mais!”. Never again. Foi tão rico, tão cheio, com compensações e frustrações, sonhos a realizarem-se, sonhos a caírem por terra, imunes ao nosso esforço brutal. Mas tão cansativo, tão extenuante. De certa forma, foi um ano admirável, com perdas profundas e com passos estruturais. Admirável também nas pessoas que apareceram na minha vida, que se transformaram, que desapareceram, que cresceram brutalmente em mim. Todas pessoas lindas.
Hoje, considero-me ferida, frágil, em convalescência, sem saber se o meu estado piorará ou irá melhorar. Refiro-me a curto prazo, pois a longo tudo se cura, até o mais improvável.
E dentro das reflexões pesadas e leves de ontem à noite, reconheço esse pânico de viver nos mesmos erros, essa urgência de viver sob novos moldes. Vendo a vida a fechar-se em círculos que, ao mesmo tempo, se abrem. A esperança de mudar. O medo. Sempre, sempre a vontade.
2004, quero-te aqui, com uma cor diferente para o meu olhar. 2004 para os que amam, para os que perdem, para os que crescem, vivem, são. 2004 feliz para todos! E, se não se importam, especialmente para mim.

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