terça-feira, novembro 11, 2003

O cinema não é compatí­vel com o amor, dizem...

A propósito da belí­ssima análise que o Bruno faz, recordo-me do que o James Cameron dizia: nunca convidava ninguém de quem gostasse para ir ao cinema, porque então não veria filme nenhum. Eu estou com ele. Das vezes em que convidei alguém de quem gostava para ir ao cinema, a coisa não corria bem. Ou porque o filme era mau - e logo aí­ se estabelecia uma diferença de gostos (inultrapassável numa primeira fase porque, de contrário, anulamos os nossos gostos para agradar à  outra pessoa) e um incómodo prazer - ou então a sessão estava cheia.

Depois, porque não se pode escolher um filme óbvio. Se for uma história de amor, ainda nos acusam de pressão; se for um filme de aventuras, avalia-se o grau de sensibilidade; se for um filme europeu, as palavras ficam sem som (ninguém aguenta a pressão psicológica num primeiro filme). Daí, a minha sugestão passar por um filme infantil. É bem mais leve e relaxante.

Não querendo entrar em pormenores, lembro-me de ter escolhido o Sozinho em Casa 3, no Colombo, para uma conquista que há 3 anos me atormentava. Não correu bem. depois, escolhi o filme do Alfonso Cuáron, Great Expectations, no Londres - ainda este tinha uma só sala e dos poucos cinemas românticos de Lisboa - mas ela tinha lido o livro e indignou-se com o mau resultado. As minhas mãos suavam, queriam escorregar para o cheiro dela, ansiava pelo intervalo... e ela indignada. A coisa correu melhor aí. Durou uns meses mas acho que não vimos mais filme nenhum. Há 3ª foi de vez, Truman Show no Monumental. A coisa correu muito bem. Até ao dia em que acabou.

Depois disso, passei a escolher exposições, jantares, vinhos e passeios. O cinema não me ajudou lá muito nas conquistas. No escuro pode pensar-se tudo, menos acertar no que a outra pessoa quer. Numa exposição ou num jantar, o constrangimento é maior e a tensão liberta outros sentidos. No entanto, anseio pelo dia em que alguém aceite ir ao supermercado comigo, em jeito de 1º encontro.

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