Cavalleria Rusticana
Nasiriyah é uma cidade ainda sem paz, onde a força das armas impera e o terror é uma constante. Os militares internacionais arriscam as suas vidas, em nome de um conflito protegido pelos ideias de ordem mundial. A ONU reduziu a sua presença, a Cruz Vermelha foi bombardeada e vai-se embora, outras tropas ameaçam abandonar o território, longe que está de ser controlado. Todos os dias morrem soldados e todos os dias a batalha que parecia estar ganha à partida se revela mais difícil.
Hoje segue para o Iraque o contingente especial que Portugal preparou, no âmbito da colaboração aliada. São 124 homens e 4 mulheres, a serem preparados desde há meses e com os ânimos redobrados. Camões, os Lusíadas e a Nossa Senhora da Guarda abençoam-nos. As notícias que de lá nos chegam apresentam um território de medo e receios. Eles estão confiantes. Nervosos, mas confiantes.
Este malfadado desígnio nacional - o de termos que dar o nome pelos disparates dos outros - atinge proporções alarmantes. Na mesma semana que os profissionais da polícia se queixam que pagam do seu próprio bolso as fardas que usam, que os telemóveis ao dispor são carregados com dinheiro próprio, que as armas não funcionam sempre, segue para o Iraque um grupo de "geninhos" dispostos a assegurar o que os outros já recusaram fazer. Vão fazer acompanhamentos de comboios e serviço às populações. As mesmas que agora se sentem ocupadas pela neo-liberdade.
Eu espero, sinceramente, que Bush não leia os jornais portugueses. Porque se souber que os nossos "bravos" são todos voluntários, ainda lhe dá uma de Sevinate Pinto e diz que correu tudo mal por falta de preparação nossa.
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