quarta-feira, novembro 12, 2003

Amor a quanto obrigas...

Em jeito de resposta, o Bruno diz que a palavra "paixão" encerra em si mesma um compromisso. Tenho, para mim, a ideia de que o compromisso não é tanto o chegar-se ao amor mas o fazer tudo para que não falhem as hipóteses de lá chegar. O estabelecimento de um objectivo primário, no desenvolver de uma relação é, antes de mais, uma falácia. E não só pressupõe que se conhece o que se pretende, como antes proíbe todo e qualquer desvio. Daí deriva a dificuldade de se poder dizer "amo-te" antes de passadas as primeiras provas. Dizer-se "amo-te" assim, sem mais é carregar a relação, porque embrionária, frágil e desprotegida, de um peso que não encontra libertação.

A paixão é, por isso, um sentimento de alma para o qual são convocadas uma série de sensações-teste que porão à prova a existência de amor. E quando lá se chega, fica a dúvida: toda a paixão deriva em amor? O amor matou a paixão? É possível estar-se apaixonado e amar-se ao mesmo tempo?

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