segunda-feira, setembro 22, 2003

A Lara Croft é feminista

Andam as pessoas a dizer mal da Lara Croft e como a fotografia da Angelina Jolie foi retocada no poster do filme porque os mamilos da menina estavam demasiado arrebitados, mas ninguém presta atenção ao mais importante. De facto, a Lara Croft é feminista, mais é pós-feminista!
Eu não vi o primeiro, por isso posso falar à vontade.
Pegando nos argumentos mais pertinentes que me colocaram acerca da Lara, gostaria de deixar-vos com algumas reflexões acerca do assunto.
1) É um facto que o fato de lycra, borracha, whatever, da dra.arqueóloga Croft lhe destacam as formas (tenho de reconhecer). No entanto, é também evidente que são do tipo mais adequado à façanha a que ela se está a prestar naquele momento. Ao contrário do que possam pensar, a nossa boa amiga lara não passa o filme todo com o tal fato (o que aparece no cartaz), longe disso. Aquele é um fato especial de mergulho. E, como sabem, os fatos de mergulho são sempre justos. Pois bem podem dizer que, enfim, não havia necessidade de o fazer tão brilhante, tão justinho, tão evidentemente sexy, mas é apenas um preconceito, já que todos os super-heróis homens, desde o super-homem ao próprio James Bond, usam fatos justos, lustrados e proeminentes no destaque das suas formas. Até podemos supor que qualquer homem ficará babado ao ver o filme (partindo erradamente desse preconceito de que o homem é um ser rebarbado) ao ver a angelina jolie a bater em alguém - com certeza isso foi tido em conta na venda e mesmo na produção do filme - mas a personagem nunca é apresentada como objecto sexual, a sério! Mesmo! É uma personagem sujeito. E é toda giraça e veste-se bem, mas é ela quem tem o poder.
2) nesse sentido, considero a Lara Croft uma heroína semelhante à Carrie do “Sexo e a Cidade”, só que menos humanizada e com menos inseguranças amorosas (ela mata o grande amor da vida dela, for god sake!). Tem um guarda-roupa melhor, vive numa mansão e salva a humanidade. Este também é um tipo de ícone no qual as miúdas se podem e devem rever, o que me leva ao 3).
3) É bom que surjam estes padrões referenciais novos para as miúdas, que em vez de terem de procurar reconhecimento numa bond girl, objecto de desejo, sem força e sem vontade, para um qualquer garanhão, passam a querer reconhecer-se em figuras que são alguma coisa por si, sem precisarem de um olhar exterior. Personagens que são o que são, não o que são em relação ao homem, neste caso. De facto, é estimulante ver uma personagem (mesmo sendo pouco credível) que não parece muito preocupada se é gira ou não, simplesmente é com toda a força. Pronto é óbvio que ela é gira!
Em conclusão, o filme, além de ser divertido, transmite também padrões um pouco subversivos para aquilo que é o normal num filme típico de aventura em Hollywood. E até aquele soco no tubarão tem uma explicação científica, para os que pensam que é uma grande banhada.
Fico-me. Até breve!

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