domingo, maio 27, 2007

Livraria Especializada: Pavillion Noir



Pavillion Noir, o livro


“Que livro para esse espaço recente, sem história, sem memória, onde ainda não se apresentou uma obra coreográfica?” A pergunta-desafio abre o negro e modular livro dedicado ao Pavillion Noir. Organizado por Éric Reinhart e publicado pelas Éditions Xavier Barral, a obra homónima, sem indicação de páginas, índice ou capítulos, divide-se entre imagens retiradas do filme de Pierre Coulibeuf e entrevistas a Preljocaj, onde se fala de corpo, movimento e espaço, e ao arquitecto Rudy Ricciotti, que recusa a utopia porque esta renuncia o futuro e prefere “transformar o real”. Conta ainda com contributos do astrofísico Michel Cassé, que reflecte sobre o vazio e a relação espaço-tempo, e da filósofa Jehanne Dautrey, que contextualiza a obra do coreógrafo a partir de palavras-chave como representação ou o diálogo com outras disciplinas. O volume não oferece a possibilidade de uma leitura contínua e formal, já que apresenta os excertos dos discursos de cada um dos intervenientes em terços de páginas independentes. Mas pensado enquanto objecto que dialoga com o potencial de uma obra em aberto, amplia uma das questões maiores do trabalho de Preljocaj: a sincronização. “Com a sincronização o espaço ganha uma textura particular (…), uma dinâmica particular, com certas velocidades e certas trajectórias”, diz. Tal como este livro, aberto na sua organização e labiríntico na sua forma, que permite ao leitor construir a sua própria viagem ao interior do edifício matemático de Ricciotti e à linguagem de Preljocaj (€35).


texto publicado na revista OBSCENA #1

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