Poética do quotidiano (especial Natal) - III
O Natal da Pollijean, do Bolas de Berlim
Este ano o Pai Natal vem de pónei
Todos os anos, no mesmo dia, à mesma hora (aí entre as oito e a meia-noite, quando já não sinto o corpo da imobilidade forçada entre a minha tia gorda e o meu tio pançudo), faço um desejo: quero voltar a ter cinco anos!
Adaptando os ensinamentos do Peter Pan a tempos mais modernos, fecho os olhos, tento meditar, faço força e penso em coisas bonitas. Às vezes não é logo à primeira. Às vezes tenho de fechar os olhos outra vez, fazer mais força e depois de uns minutos de treinada meditação zen (são muitos anos de prática, todos os anos, no mesmo dia, à mesma hora), consigo voltar a ver-me rodeada do aspirador cor-de-rosa, do carrossel dos Pin y Pons, da cama nupcial da Barbie, do pónei da trança cor do arco-íris, (de um casaco e de um envelope com dinheiro a que não liguei nenhuma) e daquela capacidade maravilhosa que eu tinha de seduzir toda a gente à minha volta com a minha profunda inocência (com o passar dos anos fui perdendo essa habilidade e hoje em dia já ninguém que me dá póneis no natal, não sei bem porquê!). Na altura em que me ponho a aspirar a cama da Barbie enquanto ela vai com o seu pónei dar uma volta no carrossel, sinto a imponente barriga do meu tio a anunciar a meia-noite, cai o vinho dos copos por cima da toalha aos sininhos, e eu, grande e esquecida de barbies e kens, lá recebo o resto do enxoval que não vou usar e os 10 euros que são para ajudar à viagem de avião e mais outras inutilidades práticas, enquanto empanturro a minha maturidade com mais uma azevia.
Para o ano volto a brincar às barbies. Pode ser que o meu pai me dê a piscina que faz bolhinhas que eu vi no outro dia na montra do centro comercial...
O Natal da Pollijean, do Bolas de Berlim
Este ano o Pai Natal vem de pónei
Todos os anos, no mesmo dia, à mesma hora (aí entre as oito e a meia-noite, quando já não sinto o corpo da imobilidade forçada entre a minha tia gorda e o meu tio pançudo), faço um desejo: quero voltar a ter cinco anos!
Adaptando os ensinamentos do Peter Pan a tempos mais modernos, fecho os olhos, tento meditar, faço força e penso em coisas bonitas. Às vezes não é logo à primeira. Às vezes tenho de fechar os olhos outra vez, fazer mais força e depois de uns minutos de treinada meditação zen (são muitos anos de prática, todos os anos, no mesmo dia, à mesma hora), consigo voltar a ver-me rodeada do aspirador cor-de-rosa, do carrossel dos Pin y Pons, da cama nupcial da Barbie, do pónei da trança cor do arco-íris, (de um casaco e de um envelope com dinheiro a que não liguei nenhuma) e daquela capacidade maravilhosa que eu tinha de seduzir toda a gente à minha volta com a minha profunda inocência (com o passar dos anos fui perdendo essa habilidade e hoje em dia já ninguém que me dá póneis no natal, não sei bem porquê!). Na altura em que me ponho a aspirar a cama da Barbie enquanto ela vai com o seu pónei dar uma volta no carrossel, sinto a imponente barriga do meu tio a anunciar a meia-noite, cai o vinho dos copos por cima da toalha aos sininhos, e eu, grande e esquecida de barbies e kens, lá recebo o resto do enxoval que não vou usar e os 10 euros que são para ajudar à viagem de avião e mais outras inutilidades práticas, enquanto empanturro a minha maturidade com mais uma azevia.
Para o ano volto a brincar às barbies. Pode ser que o meu pai me dê a piscina que faz bolhinhas que eu vi no outro dia na montra do centro comercial...
Bem giros, estes posts. tiago, acabei por não gizar nada para as poéticas quotidianas em tempos natalícios. As minhas desculpas e obrigado por te teres lembrado de mim. caro, um feliz natal
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